Carolina
Beatriz Ângelo, filha de Emília Clementina de Castro Barreto e Viriato António
Ângelo, nasceu a 16 de Abril de 1878, na Freguesia de S. Vicente, situada no
distrito da Guarda.
Em
1902, casou-se com Januário Gonçalves Barreto Duarte, seu primo, ilustre médico
e republicano. No ano seguinte, nasce a sua filha Maria Emília Ângelo Barreto.
Estudos
Ingressou
no Liceu da Guarda, em 1891, revelando-se uma aluna distinta, concluíu o curso em apenas 4 anos.
Prosseguiu os seus estudos na Escola Politécnica de Lisboa, a partir de 1895.
Em 1897, iniciou a sua licenciatura na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, que,
em 22 de Fevereiro de 1911, é elevada a Faculdade de Medicina de Lisboa.
Especializou-se em ginecologia, dedicando-se intensamente a esta actividade.
Terminou o seu curso, em 1902.
Ocupações e Feminismo
Paralelamente
à sua carreira médica, Carolina Ângelo reforçou a sua visão social com um
activismo cívico, político e principalmente feminista acérrimo, defendendo a
emancipação da mulher e acreditando em ideias como a educação para a
independência e o divórcio. Mostrou-se interessada na inovação dos cuidados de
saúde, lutando para um melhor apoio aos médicos e defendendo, neste sentido, a
separação da Igreja do Estado. Em 1907, participou na fundação do Grupo
Português de Estudos Feministas . Foi iniciada na Maçonaria, na Loja
Humanidade, sob o nome simbólico de Lígia. Dois anos depois, integrou a
Assembleia-Geral da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, onde foi eleita
Vogal Suplente da Direcção.
O primeiro voto de uma mulher na Europa Sul
A
5 de Outubro de 1910, dá-se a Proclamação da República, tendo Carolina Beatriz
Ângelo e Adelaide Cabete sido as responsáveis pela
confecção secreta das bandeiras vermelhas e verdes, simbolizando a bem sucedida
Revolução. A 14 de Março de 1911, foi publicada a Primeira Lei Eleitoral do
Regime Republicano, não sendo explicitado que o direito ao voto estava vedado à
mulher. A 1 de Abril, Carolina solicitou à Comissão de Recenseamento do Segundo
Bairro a sua inclusão nos Cadernos Eleitorais. A decisão foi remetida para o
Ministro do Interior. A 28 de Maio, votou nas Eleições para a Assembleia
Nacional Constituinte, tendo sido, assim, a primeira mulher a votar, no país e
na Europa do Sul.
No
dia seguinte, imagens e cartas da própria, acerca deste feito, foram publicadas
em vários jornais, contribuindo para reforçar a luta das sufragistas. Como
consequência, a lei foi alterada, impedindo as mulheres de votar.
Morte
No
dia 3 de Outubro de 1911, morreu de miocardite, aos 33 anos, ao regressar à sua
residência da Rua António Pedro S.D., após uma reunião política de “senhoras
feministas”.
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