Rosa Maria Correia dos Santos Mota nasceu a
29 de Junho de 1958, no Porto.
Desde cedo começou a correr pelas
vielas da Foz do Douro. Durante o liceu começou a praticar natação e ciclismo,
embora tenha sido forçada a optar pelo atletismo, por ser uma modalidade que
não acarreta tantos custos. Em 1974 entrou para o Futebol Clube da Foz,
mantendo-se no clube durante três anos, transferiu-se depois para o Futebol
Clube do Porto, clube onde permaneceu até ter problemas de saúde, relacionados
com asma de esforço. Já depois de sair do Futebol Clube do Porto, conheceu o
médico José Pedrosa que, depois de tratar a sua doença, a encaminhou para a
maratona e que se viria a tornar seu treinador. A partir de 1981 começou a
competir com a camisola do Clube de Atletismo do Porto, clube que representaria
durante toda a sua carreira.
Rosa Mota disputou a primeira maratona
feminina, realizada em 1982 no âmbito do Campeonato da Europa de Atletismo, em
Atenas, onde após um mau começo conseguiu recuperar o avanço de quase um
minuto, em relação as atletas da frente, alcançando o duo de favoritas, que
ultrapassou com facilidade, acabando o percurso de dez quilómetros com cem
metros de vantagem e campeã da Europa da Maratona. Esta vitória de Rosa Mota
revelou-se fulcral para o desenvolvimento do atletismo em Portugal,
constituindo um verdadeiro marco para o fortalecimento do atletismo feminino no
país.
Após o sucesso obtido no Campeonato da
Europa, José Pedrosa passou a dedicar-se a tempo inteiro ao treino e ao
acompanhamento médico de Rosa Mota. O objetivo seguinte de ambos foi a maratona
de Roterdão. Esta prova revelou-se um autêntico passeio para a atleta
portuguesa, que acabaria por vencer a prova com 15 minutos de vantagem em
relação à segunda classificada.
A sua primeira grande desilusão foi no
1º Campeonato do Mundo de Atletismo, que se realizou em Helsínquia, capital
finlandesa, em 1983. Apesar do bom começo, onde se manteve no pelotão da
frente, Rosa Mota caiu para décimo lugar conseguindo, no final da prova, subir
para quarto lugar. No mesmo ano participou na Maratona de Chicago, prova em que
competiu com a neozelandesa Anne Audain, que acabaria por sucumbir exausta
perante tanto esforço, abrindo o caminho para a vitória da portuguesa. Foi
também nesta competição que Rosa Mota recebeu o seu primeiro prémio monetário de
relevo.
Os Jogos Olímpicos de 1984 ficaram
marcados pelos conflitos que opuseram Rosa Mota, o seu treinador e a Federação
Portuguesa de Atletismo, uma vez que José Pedrosa não recebeu a acreditação do
Comité Olímpico de Portugal se viu forçado a entrar no estádio, não na
qualidade de treinador mas como jornalista da revista “Atletismo” e para poder
continuar a ser acompanhada pelo seu técnico, Rosa Mota teve que trocar a
Aldeia Olímpica pelo hotel da Nike. Apesar de todas estas contrariedades, Rosa
Mota conseguiu terminar a prova em terceiro lugar, arrecadando a medalha de
Bronze. Desta forma, ela tornou-se a primeira mulher portuguesa a arrecadar uma
medalha nas Olimpíadas.
Em 1984 voltou à Maratona de Chicago,
prova em que teve como principal contrariedade as condições climatéricas
adversas, das quais a chuva, o vento e o frio. A vitória e o recorde na
competição valeram-lhe um elevado prémio monetário. No ano seguinte voltou a
competir em Chicago, mas contrariamente às suas últimas participações não
conseguiu vencer, ficando-se pelo terceiro lugar, sendo de destacar que as
marcas obtidas pelas três primeiras classificadas na prova constituíram
recordes do mundo.
Em 1986 passeou-se pelo Campeonato da
Europa, que se realizou em Estugarda, na Alemanha, vencendo com quatro minutos
de vantagem em relação à segunda classificada. No mesmo ano, Rosa Mota
participa numa das provas mais marcantes de sempre, a maratona de Tóquio, onde,
ao longo da estrada, 500 mil japoneses assistiram à vitória da atleta portuguesa.
Em 1987 participou na Maratona de Boston, cimentando ainda mais o seu estatuto
de maratonista de excelência, visto que esta seria a sua 7ª vitória em 10
maratonas.
No Campeonato do Mundo de Roma de
1987, Rosa Mota apresentou-se de com um ritmo incrível, que manteve, apesar das
recomendações do seu treinador para abrandar. Rosa Mota continuou no seu passo
acelerado, correndo isolada desde o quinto quilómetro, terminando a prova com 7
minutos e vinte e um segundos de vantagem em relação à segunda classificada e
sagrando-se assim campeã do mundo.
Voltou a Boston em 1988, para
arrecadar mais uma vitória confortável, pela segunda vez ganhou um Mercedes,
mas ao contrário do que aconteceu da primeira vez, o governo português suportou
os custos das taxas para a legalização do carro em Portugal, o que lhe permitiu
manter o veículo.
Rosa Mota chegou aos Jogos Olímpicos
de Seul em 1988, com uma enorme pressão, já que as vitórias retumbantes que
havia conseguido nos Europeus e Mundiais anteriores, levavam a crer que o único
resultado desejável seria o Ouro, conseguido com esforço, tendo em conta que
enfrentava adversárias temíveis como a alemã Katrin Doerre, que somava 13
vitórias, em 16 competições. Com as principais favoritas ainda reunidas nos
quilómetros finais, Rosa Mota desferiu o seu ataque ao quilómetro 38, partindo
para uma vitória isolada.
Nos anos que se seguiriam, somou novas
conquistas: Maratona de Osaka em 1990; Maratona de Boston em 1990, a terceira
vitória consecutiva nesta competição; e o Campeonato da Europa de Split em 1990
e Maratona de Londres em 1991.
A sua última grande competição foi o
Campeonato do Mundo de Tóquio em 1991, que aconteceu três meses após Rosa Mota
ter sido operada a um quisto no ovário, tondo a atleta se apresentado longe da
sua melhor condição física e sendo forçada a desistir.
Entre 1982 e 1992, Rosa Mota
participou em 21 maratonas, tendo ganho 14 delas. Rosa Mota PP o Prémio da
Imprensa, ou Prémio da Bordalo, entregue pela Casa da Imprensa, em 1982, numa
cerimónia em que também foram distinguidos, na mesma categoria de
"Desporto", os atletas Fernando Mamede e Armando Aldegalega, o
ciclista Manuel Zeferino , o futebolista António Oliveira e o treinador
Mourinho Félix. Em 1981 foi distinguida com a Medalha Olímpica Nobre Guedes do
Comité Olímpico de Portugal. A 3 de agosto de 1983 foi feira Dama da Ordem do
Infante D. Henrique, tendo sido elevada a Oficial a 7 de fevereiro de 1985 e a
Grã-Cruz a 16 de outubro de 1987. Foi feita Grã-Cruz da Ordem do Mérito a 6 de
dezembro de 1988. Em 1991, o Pavilhão dos Desportos, situado nos Jardins do
Palácio de Cristal, na cidade do Porto, passou a chamar-se Pavilhão Rosa Mota
em sua homenagem.
Em 2010 recebeu, tal como Carlos
Lopes, o Prémio Alto Prestígio CDP "Mérito Desportivo" da
Confederação do Desporto de Portugal. Devido à sua carreira, Rosa Mota foi
distinguida pela Association of International Marathons and Distance Races
(AIMS), em 2012.
Nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro,
em 2016 Rosa Mota foi escolhida para transportar a chama olímpica, como
embaixadora do projeto Save The Dream, que é uma iniciativa do International
Centre for Sport Security (ICSS) e do Comité Olímpico do Qatar, e conta com o
apoio do parceiro tecnológico Ooredoo. Trabalhando ao lado de organizações de
áreas como o desporto, cultura, media, tecnologia e social, este projeto visa
capacitar os mais jovens através dos valores do desporto, enquanto promove
diálogo intercultural e inovação social.