Marquesa de Alorna
Dona Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre, condessa
de Oeynhausen, 7ª condessa de Assumar e 4ª Marquesa de Alorna, nasceu a 31 de outubro
de 1839, filha primogénita de D. João de Almeida Portugal e de sua mulher, D.
Leonor de Lorena e Távora. Casou-se com o conde de Oeynhausen, com quem teve
seis filhos.
Teve uma infância atribulada, pois, com apenas 8 anos, foi
presa no convento de Chelas juntamente com a mãe e a irmã, enquanto o pai era
encarcerado na Torre de Belém. Esta prisão colectiva deveu-se à ligação de
parentesco que ainda tinham com a família Távora e o cativeiro da jovem
prolongou-se por dezoito anos.
Enquanto esteve presa dedicou-se ao estudo e à composição de
poemas, tendo também manifestado interesse pela pintura. Chegou a pensar
dedicar-se a ensinar.
Quando saíram do convento, em 1777, D. Leonor e a sua família
foram viver para a Quinta de Vale de Nabis, tendo mais tarde regressado a
Lisboa.
Leonor entretanto enamorou-se de um fidalgo alemão, o conde
Carlos Augusto de Oeynhausen, que, para a desposar, se converteu ao
catolicismo. Seguindo a carreira diplomática do marido, D. Leonor viveu no
Porto, no Algarve, em Viena de Áustria.
Mulher culta e inteligente, fez parte da academia de Artes, a
Nova Arcádia, sucedânea da primitiva Arcádia Lusitana. Esta academia visava
combater o mau gosto literário que imperava na época, segundo os seus
militantes, e pretendia implantar um novo gosto estético. Os membros da
academia reconheciam- se pelas suas identidades arcádiacas: Leonor de Portugal
foi Alcipe e foram seus confrades Filinto Elísio, Dirceu, Elmano Sadino. Ou,
para clarificar, Francisco Manuel do Nascimento, Tomás António Gonzaga e Manuel
Maria Barbosa du Bocage. É voz corrente que Dona Leonor se juntou também a uma
ordem secreta, denominada Sociedade da Rosa.
Não sendo única, ela foi a grande poetisa do século XVIII.O
livro “Recreações botânicas” compila todos os seus poemas originais, onde
expressa o sentimentalismo e a melancolia que lhe caracterizam a alma,
percorrendo vários subgéneros e estruturas formais (epístolas, odes, sonetos,
sátiras …) colorindo-os ora de laivos de filosofia, ora de sentimentalismo
pré-romântico. Os seus poemas tiveram publicação póstuma.
Embora vivendo com extrema dificuldade monetária nos últimos
anos de vida, nunca os seus salões deixaram de estar abertos para receber os
amigos e artistas e dar largas à criatividade do pensamento.
A relevância de D. Leonor de Almeida estende-se atá aos dias
de hoje. Para além de uma estátua no Parque dos Poetas, em Oeiras, Há em Lisboa
uma escola com o seu nome, denotando a contínua importância desta figura
histórica, uma mulher que falou quando as mulheres ainda não tinham voz.
É importante referir que as suas ideologias políticas de
inclinação liberal, que vários dissabores e perseguições lhe causaram, se
encontram expressas na obra escrita que nos legou. As suas cartas particulares
e os seis volumes de Obra Poética são, assim, considerados importantes
documentos da história da Liberdade.
Esta poetisa e pintora ganhou também destaque como a primeira
mulher a estimular a chamada “revolução do bom gosto”.
Em suma, a Marquesa de Alorna é uma figura de grande
importância sobretudo a nível literário, tendo tido uma enorme relevância na
época pré-romântica, de que foi uma pioneira, com uma atitude poética aberta a
todas as culturas do seu tempo.
Sem comentários:
Enviar um comentário